Futebol de Mesa

Em tempos de videogames e smartphones, parece que o espaço para a prática de jogos mais sociais como é Futebol de Botão ficou muito escasso, mas aos bons saudosistas, se não mais o praticam, temos certeza que uma viagem no tempo vai trazer boas lembranças.

Para quem não conhece, o popularmente conhecido Futebol de Botão, é um jogo de tabuleiro que simula uma partida de futebol de campo, onde os jogadores inicialmente eram feitos de botões de roupas, e daí vem o nome. O jogo é disputado por dois times seguindo-se umas das muitas regras conhecidas.

O Surgimento

Vamos começar nossa história pelo surgimento da brincadeira, lá na década de 20 no Brasil, época da qual se tem alguns relatos de que no estado do Pará já se faziam gols com pequenos botões.

Essa é a teoria mais aceita, mas a verdade é que o surgimento dessa brincadeira sempre será um mistério. No leste da Europa se pratica um esporte semelhante ao nosso Futebol de Botão/Mesa chamado Sectorball, e na foto datada de 1910 (Jornal Leader de Londres) a primeira foto conhecida de futebol de mesa - Foto esta recuperada por Milos Krstic, botonista e grande divulgador do esporte na Europa.

Mas pelo menos para os brasileiros que viveram o "Boom" do brinquedo e para muitos botonistas (como é denominado o praticante do esporte) no Brasil e no mundo, não há nada que nos tire o título de inventores desse esporte.

O Pai do Esporte

Na década de 30 o jogo chegou ao Rio de Janeiro, e foi nesta época que o publicitário Geraldo Décourt, considerado o pai do Futebol de Mesa, publicou o primeiro livro de regras oficiais, conforme contou Elcio Vicente Buratini, que até 1997 foi presidente da Federação Paulista de Futebol de Mesa, para o canal Mundo Estranho da editora Abril.

Isso mesmo que você leu: Confederação Paulista de Futebol de Mesa. Se você achava que o Futebol de Botão/Mesa era apenas uma brincadeira, você estava enganado.

A Confederação Brasileira de Futebol de Mesa (CBFM) foi fundada em 07 de Setembro de 1992 e a partir de 2001, o governador de São Paulo instituiu o dia 14 de fevereiro como o dia do Botonista. Este dia foi escolhido pelo fato de ser o dia de nascimento de Geraldo Décourt.

Mas vamos com calma, já adiantamos que a brincadeira se tornou um esporte, só que o caminho até lá não foi curto, estamos falando de um período de aproximadamente 50 anos. Nos acompanhe para relembrar alguns marcos.

Como bons brasileiros que somos, gostamos de inventar, portanto os nomes que vamos falar aqui variavam de região para região, assim como os materiais inicialmente usados para a brincadeira.

Os Primeiros Materiais

Nos anos 20 aos anos 40, por exemplo, os jogos se davam no chão, ou em mesas improvisadas em madeira maciça ou Celotex - que acabou sendo o primeiro nome conhecido da brincadeira. Os jogadores variavam de botões de casacos e paletós (de Galalite, lembra?) e as bolinhas eram feitas de praticamente qualquer material, inclusive miolo de pão!

A partir dos anos 50, fichas de plástico, aquelas usadas em cassinos, começaram a aparecer no cenário em substituição aos botões de roupa, a indústria do brinquedo brasileira também apareceu em cena na fabricação de botões em plástico, mas continuava valendo de tudo, inclusive caixinhas de fósforo cheias de areia para fazerem o papel de goleiros.

Na década de 60 a invenção da vez foram os jogadores com tampas de relógio, isso mesmo, a parte transparente de relógios quebrados eram retiradas e pintadas. Esse material era o Celulóide - uma evolução e tanto.

Mas foi apenas a partir dos anos 70 que surgiu para o esporte o material que é usado até hoje para os botões profissionais: o acrílico. Os botões nesse material geralmente recebem estampas que são aplicadas com a técnica Silk Screen.

Os Antigos Memoráveis

E por falar nos anos 70, foi nesta década que a gigante brasileira da indústria de brinquedos, a Estrela, emplaca seu maior sucesso no Futebol de Botão/Mesa - O campo chamado Estrelão. Lembra dele?

A Estrela fabricou o Estrelão entre os anos 72 e 85, e era o desejo de toda criança da época, além da mesa ela também fabricou times e todos os acessórios do até então brinquedo, entre os anos de 1948 a 1979.

Na época dourada do Futebol de Botão, não somente a Estrela fabricava os times, outras grandes marcas como Trol e Gulliver também tinham sua fatia de mercado.

Também diversas outras marcas regionais de pouca expressão, entre eles, talvez os mais conhecidos eram os "BOLAGOL" da fabricante Plásticos Santa Marina.

Outras séries que foram muito populares entre meados dos anos 60 até os anos 70 foram as coleções "Ídolos do Futebol", "Onze de Ouro" e a "Craks da Pelota", todas elas eram vendidas em bancas de jornais.

Das fábricas que viveram esses anos dourados, apenas a Gulliver ainda continua fabricando o brinquedo e hoje podem ser encontrados no site oficial da empresa.

Popularmente, desde o seu surgimento até o fim da década de 80, a brincadeira tomou conta de todos os cantos do Brasil, e quem não podia comprar os lindos jogadores e times prontos, fazia-os por si com todo tipo de material disponível, e isso nunca foi um problema.

Regras

Como o país tem dimensões continentais, seria impossível se seguir um conjunto de regras únicas para o jogo. A criatividade das crianças não tem limites e existiam uma infinidade de regras diferentes para a prática do Futebol de Botão/Mesa, sendo as mais populares as regras chamadas de Paulista (12 toques), Carioca (3 toques) e Baiana (1 Toque).

Discos

A regra Baiana oficial - ou 1 toque - é praticada com um pequeno disco representando a bola, e tem como características a habilidade e raciocínio. É realizado em 2 tempos de 25 minutos, onde cada técnico possui uma jogada para lançar o disco para o campo adversário ou protegê-lo em seu próprio campo.

A regra Carioca oficial - ou 3 toques - é praticada com bola de feltro tem como característica a precisão para realização dos passes dos técnicos em seus botões com objetivo de chutar no gol do adversário.

Bolas de feltro

Já a regra Paulista oficial - ou 12 toques - é também praticada com bola de feltro e tem como característica a habilidade para caminhar até o gol do adversário em 12 toques coletivos, não podendo exceder 3 toques por cada um dos seus botões.

O Reconhecimento

Foi nesse cenário de pleno sucesso que o Futebol de Botão/Mesa foi reconhecido oficialmente como esporte. Esse reconhecimento pelo Conselho Nacional de Desportos aconteceu em 24 de Setembro de 1988, e passou a incluir o esporte como uma vertente dos esportes se salão, como também é o bilhar e o xadrez, por exemplo.

Como já adiantamos, a CBFM - Confederação Brasileira de Futebol de Mesa foi fundada em 1992 e tem como objetivo promover, organizar, coordenar e representar Federações na modalidade Futebol de Mesa e outras, junto ao Ministério dos Esportes, Comitê Olímpico Brasileiro, ou qualquer outro órgão ligado ao esporte.

Além das três regras que já citamos, outras regras/modalidades oficiais são a Dadinho, a Sectorball e a Subutteo.


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